GUERRAS PUBLICAMENTE EXPOSTAS - PARTE 3


No barzinho do Billy Burguers, o bebum conhecido como Velho Jimmy Barbudo estava alugando o ouvido do cara de terno sentado ao lado dele. Ele explicava:

- Então ele pegou todos os personagens e resolveu colocar para se enfrentarem fazendo um misto de homenagem e sátira à série das "Guerras Secretas", feita com os heróis da MARVEL pelo Jim Shooter com desenhos do Mike Zeck e Bob Layton em 1984. Foi a primeira de várias vezes que todos aqueles personagens se uniram para participar de um "super-evento".
- Nossa, como você é nerd!
- Oxi, por que "nerd"? É cultura.
- Bem, então não se trata nem de um reality show mortal no espaço que pode ser acompanhado 24 horas. Na verdade é uma estória publicada em um blog com o único intuito de unir todos nós como rolou em um gibizinho aí?
- Foram 12 edições. - Jimmy corrige, - uma minissérie.
- Olha, agora eu realmente me convenci que não é um sonho, porque nenhuma parte da minha mente seria capaz de pensar tanta doidera!
- Porra, é que você tá dentro, caramba, aí não dá pra perceber. Mas se prestar atenção você vai notar. É que você prefere não pensar muito nisso porque quer se manter nessa realidade que é mais reconfortante, entendeu? Mesmo também sendo maluca. Até no nome dá pra notar, caramba. Publicamente expostas nada mais é do que o contrário de secretas.
- Aham, aham.


A enorme criatura com chifres na arena resmungava, parecia se referir à outra giganta.
- Você fica dando risadinha, am? Humpft.
Ele levantou seu pezão que estava sujo e esfregou em uma parte das arquibancadas, onde todos desesperados começaram a gritar. Agora nada mais tinha graça. Ninguém queria ser fotografado esmagado ou cheio de cocô. Ficou claro que aquele personagem gigantesco se tratava da personificação do mais puro mal e o mais puro terror era o que apertava os corações de todos os presentes. Sem esperar um segundo sinal eles corriam para fora da arquibancada para conseguir fugir da arena.

A mulher gigantesca começou a diminuir, mas parou quando ainda estava meio grande. Os poucos competidores das Guerras Publicamente Expostas ainda presentes na Arena olhavam bem para ela e notavam que tinha algo de diferente...


Já meio longe da arena, Jack e Tommy viam algumas pessoas que pareciam ser habitantes daquela parte do planeta andando enquanto olhavam pros seus celulares, Jack presumiu que deviam estar acompanhando as guerras. Ele queria perguntar pra alguém se havia um lugar onde levavam os pertences tomados dos participantes por uma garra mecânica, mas com todas as pessoas olhando os celulares dava a impressão que seria meio errado interrompe-las para perguntar alguma coisa. Ele tava com medo daquele Sol causá-lo mais enjoo e ele acabar vomitando arco-íris de novo. Pior ainda ter que ver seu amigo limpando a bunda suja de azul, verde, amarelo, bem... você sabe. Ele virou pro amigo e-- Como se fosse uma contaminação ele estava olhando pro seu celular como todas as outras pessoas daquele lugar!

- Thomas... caaaf - ele ainda pigarreava o neon na garganta - Pra onde nós vamos?!
- Você não tá acompanhando as Guerras Publicamente Expostas?
- Nós estamos nela... Vamos procurar um lugar com sombra...
- Nossa, Jack, você devia estar vendo. - Tommy dizia mexendo no celular.
- Todo mundo tá fazendo isso.
- Nossa, a gente devia ter ficado pela arena. Aqueles caras gigantes diminuíram e tão falando com o pessoal. Caramba! Aquela menininha tá conseguindo um monte de likes!
- A Jane... - ele sussurra como um moribundo.
- Você conhece.
- Sim, ela é irmã da muçulmana, Mary.
- Mar-- Mary e Jane? Pera.
- É, só que ela tinha um cabelinho vermelho, eu nunca tinha visto assim, curto, verde e com essa franja...
- É, parece um mini Coringa. Nossa... Quanta gente seguindo ela. Não acredito, a gente devia ter ficado lá.
- Thomas... Antes de entrar... Quando você tava no banheiro... Uma garra puxou meu DS, eu tava jogando. Eu tenho que encontrar e voltar daquele save, Thomas.
- Esquece isso, Jack. A gente tá nas Guerras Publicamente Expostas agora.
- O quê?
- Estamos atrasados, a gente tem que subir. Tudo que eles viram foi a gente andando e soltando arco-íris, cara, isso não foi muito legal.
- Thomas... O que isso tem a ver... Com meu DS?
- Que você tem que parar de procurar seu DS, Jack. Ninguém vai achar isso legal de seguir. Temos que procurar onde estão os outros e fazer algumas coisas mais legais.
- Você sugere que eu faça o quê? Cague um Hulk?
- Você é muito chato, vai ficar em último lugar e ninguém vai lembrar de você. Se você não vier eu vou sozinho. - E ele seguiu andando convencido. Jack pelo visto estava sozinho, mas não por muito tempo.


"Jack!" um cara com lenço na cabeça o chamava se aproximando. Ao se aproximar mais ele reconheceu que era sua amiga.
- Mary... Quase não percebo que é você com esse véu na cabeça.
O rosto dela estava suando e respirava ofegantemente. Ela tirou o véu da cabeça que estava meio rosada de calor e o passou sobre os ombros.
- Mary! Você está careca... Por que raspou a cabeça?!
- Ai, é que eu quis. Estou preocupada com a radiação que esse Sol transmite. Já percebeu que ninguém adquire poderes fortes como o Superman ou a Supergirl? Com todo mundo só acontece coisas mó ridículas, meu!
- É, foi meio estranho quando absorvi essa luz.
- Você vomitou arco-íris enquanto outro moleque cagava do seu lado, eu vi pelo aparelho que eles deram.
- É. Isso mostra tudo que acontece nas nossas vidas.
- Eu tô com medo do que pode acontecer se eu ficar... Você sabe... Se eu tiver TPM.
- Não dá pra ser muito pior do que já foi.


- Quando cheguei aqui tiraram meu DS de mim, eu tô tentando achar, eu tenho que voltar pra aquele jogo.
- Ok, ok. Eu tive que fugir. A Jane, cara... ela tá ensandecida!


Na arena...


- DEUS ESTÁ MORTO!!! - gritava Jane para uma minoria de pessoas que ainda estavam na arena. - Fomos enganadas o tempo inteiro por um capeta goiaba!!! Chega de mentiras! CHEGA! Os que não vierem comigo terão suas caras esmagadas nos próprios celulares!

"Ai, meu Deus" pensava a mulher que era gigantesca mas havia diminuído recentemente "Droga, eu não posso pensar 'ai, meu Deus', eu sou deus!". Ela olhou então na outra direção e para seu desgosto sua contraparte celestial de grandes chifres estava de braços cruzados olhando pra outro lado, como se estivesse prestando atenção em outra coisa sem olhar pra ela. Ela sabia que era por querer.
"Decepcionada, mas não surpresa" pensa.
De forma espantosa a menininha continuava seu discurso enfurecido.
- VAI SER FÁCIL! Vamos dominar esse planeta até que não vai sobrar nenhum otário! Vamos fazer tudo com as próprias mãos! Até Beyonder ficará desacreditado! Quem sabe um dia proliferaremos nossa ideologia por toda a galáxia, por enquanto vamos mostrar quem somos para TODO O PLANETA!

As pessoas tinham fascínio nos olhos observando a raivosa Jane. Gritavam com muita selvageria e seu cabelinho verde a deixava parecendo algum maníaco do filme "Mad Max".

"Isso é loucura" pensava a deusa "Não importa o quanto eu tente ajudar, todo mundo sempre prefere pirar na batata." Então ela deu um break na sua onipresença e saiu de fininho bem rápido sem que ninguém visse.

O demônio de cara fechada e braços cruzados também havia diminuído para uma forma de 4 metros, ele dizia - Vocês estão vendo? Querem fazer tudo do jeito delas. Não podemos deixar, vocês homens tem que ficar unidos e tentar intervir.
- Ah, tipo que eu não quero ficar do seu lado, eu sou cristão, sabe?
- Aquilo é uma impostora!!! Todo mundo sabe que Deus é homem! Ouçam a razão! Ele nunca aparece e dá espaço para oportunistas desse tipo. Aquele anão estava gritando chega das mentiras, mas eles mesmos espalham as mentiras! Eu trago a verdade, vocês têm que ouvir a mim. Inclusive porque no final... eu que vencerei as Guerras Publicamente Expostas.


Entre os observadores de Jane havia um garotinho com roupas pretas apertadas e uma franjinha lambida sobre a testa. Era Tommy, mas estava diferente e segurava uma grande pistola magnum.

- Ei, você - disse Jane, a quem ele havia chamado atenção. - Andrógino, onde arranjou essa arma?
- Minha mãe me deu. Quer dizer, eu...ba...m
Todos olharam pra ele "Sua mãe?!"
- Ah, eu nem sabia que ela tava nesse planeta - ele se justificava com uma voz fina que expunha fragilidade. - Eu nem sei o que tá acontecendo direito pra começar. Aí eu vi minha mãe, tipo "oi mãe, o que você tá fazendo aqui?" aí ela disse que eu tava parecendo um viadinho com essa roupa e esse cabelo e me deu essa arma pra caso alguém viesse mexer comigo - ele levantou a arma, era uma puta pistolona. - Tipo, eu não sei de onde ela arranjou... Eu não sabia... Eu sei lá...
- Tá, tá. A gente precisa de armas. Mas eu só queria dizer pra você dar um tiro pra cima antes da gente sair pra dominar o planeta. Como se fosse um tiro de partida.
- É, ia ser legal. - Diziam as pessoas.
"É agora" pensou Tommy pegando sua arma da forma que parecia que tinha que pegar pelo que via em videogames.


Ele atira, mas sua mão volta pra trás com a arma acertando seu olho.
- Ai, minha cara - ele chorava depois de largar a magnum.
- Aff - Jane se aproximou da arma no chão e a guardou na cintura.

Enquanto a deusa havia sumido e o mutirão de Jane se retirava da arena fazendo bastante barulho, o demônio notou que o monte de sujeira que ele havia limpado nas arquibancadas da arena parecia estar sumindo. Na verdade... estavam se reunindo, como se se recuperassem. Isso chamava a atenção do demônio.


No vilarejo clichê os dois jogadores de LoL haviam encontrado um estabelecimento que indicava ser o centro de administração das Guerras Publicamente Expostas. Quem andava a frente era o Jack, a Mary só ia o seguindo logo atrás.

Dentro do lugar havia uma sala com várias pessoas de óculos com gel no cabelo e camisas de personagens de HQs. Apesar de estarem sentados nos computadores, eles estavam com os rostos virados pro lado mexendo em seus celulares e parecia que nem percebiam a dupla passando. Se percebiam não ligavam, pois passava a impressão de ser um lugar que não poderia ser adentrado livremente, mas conforme eles invadiam ninguém falava nada, então Jack seguia normal olhando pra os carinhas de rabo de olho e Mary ia tentando fazer um rosto indiferente como se não estivesse fazendo nada de errado.


Novamente um cocôzão, Cocô Hulk mal podia acreditar que ainda estava vivo. Mal podia entender o que se passava. Aquela terra não era muito familiar... O próprio céu e a luz emitida pelo Sol eram estranhas. Então ele se lembrou do que havia visto no seu aparelho celular. Aquelas eram as Guerras Publicamente Expostas! Sim! O Cocô Hulk estava de volta!

- Eu-não-a-cre-dito - disse alguém interrompendo o raciocínio do monstro. - Meu Deus! Eu sou sua fã! - Dizia uma menininha de boné e óculos grossos. Mas o mais legal sobre essa menininha é que vamos chamá-la apenas de "X". Sobre a "X" você pode...

1.Escolher seu nome

A-Amanda                                                    N-Natália
B-Beatriz                                                      O-Ovo de codorna
C-Carolina                                                    P-Paula
D-Diarréia                                                    Q-Queijo
E-Eliane                                                       R-Raíssa
F-Fernanada                                                 S-Silvana
G-Guirlanda                                                  T-Trubufu
H-Helena                                                      U-Umubugafeidital
I-Iguana                                                        V-Vanda
J-Joelma                                                       X-Xana
K-Karen                                                        W-Wanda com dabliu
L-Larissa                                                       Y-Ygbitz
M-Mariazinha                                                 Z-Zaratustra

2.Escolher sua cor de cabelo

A-Branco                                          E-Verde                                        I-Arco-íris
B- Preto                                           F-Laranja                                      J-Cinza
C-Loiro                                            G-Rosa                                         K-Prisma em
D-Ruivo                                           H-Castanho                                  constante mutação

Além das opções propostas, você também pode pensar em uma opção da sua própria cabeça para caracterizar a "X". Personagens novos do sexo masculino continuam sendo caracterizados livremente pelo autor até segunda ordem. Retornando à história

- Você? Minha fã? - perguntou o monstro espantado. - Qual é o seu nome?
- Sou "X", sou sua maior fã do mundo! Eu sou super fã da MARVEL!
- Pera aí... você sabe que eu sou o Cocô Hulk, não sabe? Eu... sou feito de merda.
- Ai, não tem problema, eu adoro o Hulk - ela contava com uma agitação fora de contexto. - Mano, eu AMOMARVEL, você é um dos meus personagens preferidos. Adoro aquela cena que você pega o Loki e PÁ-PÁ-PÁ! Hahahahahahahahahahha!
- Você... tá me confundindo. Eu não tenho nada ve.
- Que nada, cara, você é super legal. Deixa eu tirar uma foto com você?



O monstro ficou parado e "X" com surpreendente facilidade tirou uma foto com ele onde saiu super bem, mesmo havendo um monstro de bosta todo desconcertado do lado. Depois da foto ela começou a mexer no celular e saiu andando sem falar nada. Hulk seguiu em frente sem entender aquilo, mas não demorou para uma dúvida espinhosa invadir a sua cabeça de cocô. E se todos aqueles que curtiam os seus feitos e estavam o seguindo e motivando no início de tudo aquilo não sabiam nada do que estavam fazendo? E se não tinham nem ideia de quem ele era? E se só haviam visto "hulk" escrito e começaram a apoiar de forma acrítica unicamente por serem paga sapos compulsivos da MARVEL? Para onde iria todo seu altruísmo?

Enquanto o monstro avançava com perguntas em direção ao ataque de Jane, a temível (como era conhecida agora), o Anjo Caído o observava.
"Hum... Parece que eu não pisei em um cocô qualquer... Mas sim em um ser vivo sensacionalmente cagônico surgido do mais puro e singular CAOS. Eu gosto de caos... Sim, eu adoro caos. Isso pode se tornar muito interessante."


Enquanto isso, em uma sala fechada de uma aparente sede das Guerras Publicamente Expostas, o famoso Jack fuçava em vários aparelhos estranhos sem parar. Ia de um lado para o outro, como se buscasse algo, carregando alguns aparelhos e os trocando de lugar. Juntava uns, abria outros, mas não parava em qualquer momento pra respirar ou pensar no que estava fazendo. Parecia agir no mais puro instinto. Instinto de sobrevivência talvez?

- Jack, você sabe o que tá fazendo? - Perguntava Mary esfregando o suor de sua careca. - Esses aparelhos são estranhos, não tinha nada disso na Terra e nem no Inferno.

- Eu...

Simplesmente sei... - Ele dizia pausadamente como se estivesse em um transe.

Era tão estranho, mas era tão mecânico e ao mesmo tempo fluía tão bem que ela não conseguia deixar de ficar observando para ver no que ia dar toda aquela gambiarra dele. Depois de algumas fuçações mais específicas e precisas em cima de uma mesa, ele finalmente para e respira. Parece tranquilo. Ele diz

- Pronto.
- Não... não acredito. Você...
- Está feito, está aqui.
- Meu Deus. É incrível. Você realmente conseguiu, Jack.

É. Ele havia conseguido.

O computador funcionava...

E seu monitor esboçava:



Continua...

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