MAKING OF? -- PARTE 01 DE 02...


O que se sucede a seguir é um emaranhado de dados sem datas certas, mas com os anos de cada ação. Uma espécie de linha do tempo circunstancial que nos trouxe até aqui. Sejam sinceros e digam nos comentários até onde aguentaram ler, afinal acho que vai ser muita coisa.


2009 – PRIMEIROS PASSOS NO ORKUT



A internet ainda é uma coisa do futuro para mim, e eu dividia meu tempo nela entre comunidades do Orkut e um blog que havia sido feito a pouco tempo... Um blog de scans chamado Actions & Comics, gerenciado por um certo Titio Ultimate... Eu frequentava assiduamente a extinta comunidade da Marvel Millenium Homem-Aranha, lá conheci caras como o Ítalo Azul, Arth Silva e o Gus. Também é válido mencionar que comecei a colecionar scans naquela época, e não, não parei de comprar bastante material impresso como reza o mito, pelo contrário. Na comunidade, vez ou outra em sempre arriscava um tópico, eles obtinham poucas respostas, isso quando não eram ignorados, minha escrita confusa, bem como se tratar de algum “garotinho” contribuíam para isso. Naquele tempo eu ainda não sonhava que um símbolo é mais forte que apenas um nome...

2010 – ILUSTRANDO E RECRUTANDO


Meus desenhos eram sempre motivo de piada, e merecidamente. Tudo era mal feito, desde traço irregular, luz e sombra que nem existia à falta de simetria em tudo. E não, eu não era nenhum Bill Sienkiewicz incompreendido, eu apenas era ruim e me recusava a aprender mais. Resolvi naquele tempo dedicar todas as minhas madrugadas a ir aprendendo, e o mais engraçado é que foi com uma revista de mangá, um estilo que até hoje não gosto. Aprendidos os truques iniciais, fui pro famoso processo de observar e aprender com os artistas que eu gostava, naquele tempo, dois eram imbatíveis para mim: Mark Bagley desenhando Ultimate Spiderman e Adam Kubert desenhando Ultimate X-Men. E claro, hoje tem muito esperto por ai que zomba do trabalho de ambos, mas ainda são grandes pra mim até hoje, embora um traço mais realista como do Esad Ribic ou Brian Bolland me agradem mais. Esse ano foi dedicado a “caçar” pessoas pelo msn para formar uma “equipe” para um Fanzine que eu tive sonho em lançar. No final, fiz 80% do trabalho, que incluiu desenhar, colorir, colocar letras, upar, criar comunidade e sei lá mais o que (80 membros em um mês, quem diria). Como 90% dos Fanzines nesse país, não passou do primeiro número. Pode baixar ela AQUI.

2011 – 2012 – DC (Literalmente)



Depois de toda essa jornada de Faetonte, resolvi dar uma pausa naquilo tudo, mas logo me vi voltando, só que algo menos ambicioso, me juntei a uns caras que faziam fanfics, chamados DC Ultimate. Primeiro passei meses na equipe, só que como turista, mas para conversar com outros caras que gostavam de HQs, mesmo nesse tempo eu não lendo nada da DC, exceto a Vertigo. Cheguei a escrever o número 01 do título “Contos Sórdidos de John Constantine”,e fiz até uma capa para isso, algo inédito lá. Mas também não passei do primeiro número. Logo eles tiraram o conto do ar, e infelizmente também foram desanimando e a equipe veio parar em 2012. Nesse tempo, tinha indicado o Sr. Ítalo Azul e o Daniel Násser para lá. Ambos saíram antes de mim, o Sr. Ítalo por um desentendimento criativo que teve com o editor que ao certo não entendi até hoje, e o Násser por ter desistido de blogs nesse tempo. Nesse tempo, o Násser tinha um livro lançado, o qual me enviou, e milagrosamente eu li até o final. Era uma história semelhante a Liga Extraordinária do Moore, só que em solo brasileiro e com outros personagens. Um detalhe é que ele não tinha lido a obra do Moore. Pela minha descrição, pode parecer “tosco”, mas achei interessante, e só devo ter lido uns dez livros até o final na vida.

Também tive um blog, que não deve ser chegado a 1000 acessos, chamado “O Que é Isso Aqui?”, algo totalmente descartável, que tirei do ar no ano passado.



2013 – UM COMENTARISTA



Ano ativo de discursões na internet. Antes eu era bem imprudente, chegava xingando e tudo, com o tempo fui aprendendo a me comportar feito “hominho” e conversar civilizadamente com pessoas cujo ponto de vista diferiam do meu. Uma hora a gente tem que crescer, haw haw. Tinha começado desde 2012 a ler algumas coisas da DC, em especial o Batman, e logo o Super-Homem, dois personagens, que até então, eu detestava.

2014 – OZYMANDIAS REALISTA

   Veio uma ideia. A de fazer um novo Fanzine, e o nome “Ozymandias Realista” era dado como certo para o que eu queria. Isso, um Fanzine sem ilustrações minhas, falando sobre quadrinhos, para ser baixado em PDF ou CBR, no melhor estilo do extinto FARRAZINE, uma aula do que é Fanzine para mim, bem como trinta vezes melhor do que temos hoje em dia nas bancas sobre quadrinhos... Fui recrutando todas as pessoas que eu havia conhecido ligado a esse “meio”. Os caras do DC Ultimate disseram que não daria certo um PDF. Que hoje em dia não era como antes, que hoje as pessoas só querem ler coisas rápidas e online e decidiram não participar. Todas as opções se foram, mas restava alguém, um sujeito cujo conhecimento sobre quadrinhos dão um banho no meu: Ítalo Azul. Ele disse que aceitaria participar, mas um PDF não daria certo, disse que um blog sim.

O blog foi posto no ar, e o primeiro post de introdução foi escrito pelo Ítalo, meu texto preferido dele até hoje, por sinal, é com ele que eu gostaria de terminar essa primeira parte:

"Inútil"





    E um dia como outro qualquer estou lá eu, no meu trabalho durante o horário de almoço sentado com meu caderno na mão, escrevendo, como sempre. Nisso me chega um cidadão e me pergunta “O que é isso?”. “Ah, eu estou escrevendo uma coisa aqui para postar no meu blog”. “Você tem um blog, é?”. “Sim, tenho”. “Legal. Sobre o quê?”. “Ficção”. “Legal. Para que serve isso?”.

    Olha aí. Essa é boa. É de se parar para pensar, não é? Para que serve? Então vejamos. Oscar Wilde, lacônico, nos afirma apenas que a arte é inútil. E é, não é? Desdenha ele do próprio trabalho e dos seus colegas? Entendo eu que não é por aí. A arte é inútil porque é tudo aquilo que não está na base da pirâmide, é aquilo que não é o essencial para a sobrevivência da carne, ela é o que ultrapassa, que transcende, que vai além. Ela é o algo mais. Algo. Indefinido. Você não vê com os olhos e não pega com a mão, mas atinge em cheio o seu coração, faz um estrago nos seus miolos, te faz parar para pensar, te leva a sentir. Algo. Não sendo apenas “útil”, não tendo uma função reservada naquela base da pirâmide, não atinge a todos por igual e a alguns sequer atinge, possuindo nós diferentes graus de percepção e sensibilidade. E esse é o legal da coisa. Porque a arte é pra quem gosta. Arte é pra quem entende.

    E temos a ficção. A tradição humana de se ouvir e contar histórias é mais antiga do que se é possível datar, originando-se ainda no período das cavernas, onde ao cair da noite a tribo se reunia em volta da fogueira para partilhar a carne fruto da caçada do dia, e entre uma mordida e outra alguém contava o que havia acontecido hoje com o fulano ou o ciclano. No princípio essas histórias eram todas meio iguais até que um dia, em algum lugar, aconteceu algo singular e improvável com alguém. Esse conto singular e improvável se destacou entre os outros, atraiu maior atenção e os ouvintes chegavam a pedir para escutar a história uma segunda vez, mesmo já conhecendo o final. Impactou quem ouvia e quem contava. Os contadores passaram então a garimpar outros contos singulares e improváveis que prendessem a atenção da plateia. Escasseando os já poucos acontecimentos reais interessantes, em dado momento os contadores passaram a inventar do nada na maior cara dura. E a plateia não se importou, só queria ouvir mais. “Era uma vez o Superman voando pelo céu”. “Sim, sim! E aí? O que aconteceu com o Superman depois disso?”. Nascia a arte da ficção. Não se acha na natureza outra espécie que se dedique a essa arte. Até onde podemos afirmar, é uma coisa exclusiva de humanos. Inútil e sem função na base da pirâmide, ainda assim essencial. A ciência ainda não consegue explicar o como nem o porque, mas precisamos de ficção. Como de água, como de alimento, como de oxigênio. Nós, humanos, temos necessidade de ouvir e de contar histórias. De Ficção. De Arte.

    O Ozymandias Realista é um espaço para isso. Parafraseando Clarice Lispector afirmo que não queremos fórmulas certas porque o objetivo não é acertar sempre. É o nosso laboratório, faremos experiências aqui, algumas vezes acertando de primeira e outras vendo as substâncias sob o cateter entrando em combustão inesperada, voando pelos ares e manchando as paredes. Nesse segundo caso limparemos nossa placa de Petri e recomeçaremos do zero. Vai ser uma viagem interessante. Seja muito bem vindo à bordo.


- Ítalo Azul –



Até a parte II.

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