4 PROVÁVEIS ACERTOS VS 4 PROVÁVEIS ERROS DE BATMAN V.S SUPERMAN




Hoje a noite vou conferir esse filme, ansiosamente, as 20:30h. Na verdade, daqui a menos de 60 minutos, por isso vou jogar isso meio crú mesmo, e depois edito.

Não sou o DJ nas previsões,.mas me vejo tentado a especular sobre o que pode dar certo ou não nesse ousado e caro investimento da DC / Warner. No texto seguinte a esse, onde vou tentar arrancar duas páginas de texto de mim sobre esse longa, eu vou saber o que acertei.

-->>Vamos primeiros aos acertos:

4. Reações lógicas, aos estilo de Cavaleiro das Trevas (Nolan)

Cavaleiro das Trevas, ao contrário do que pensam, é muito mais do que “um show do Coringa”. Ou mesmo um marco no cinema blockbuster, quando olho para aquele filme, vejo-o de maneira que possa competir facilmente como um dos dez melhores filmes da última década. O filme sucedeu o ótimo Batman Begins, e acertou de maneira linda, ao expandir e dar continuações lógicas a aquele universo, de maneira totalmente crível. Quando saiu os primeiros 50 segundos de teaser de Batman VS Superman, eu escrevi sobre isso com muita espectativa, muita gente até mesmo me detestou dizendo que que colocava no céu 50 segundos de teaser da DC e detonava quase 3 horas de filme da Marvel. Para efeito de comparação, a recente segunda temporada do Demolidor, teve em seus dois primeiros episódios muitos conceitos de resposta em cadeia inspirados em Cavaleiro das Trevas. Não, o Justiceiro não é o Coringa. Mas o surgimento do Justiceiro, é uma expansão do que é a falha do sistema legal ante a lei com as próprias mãos, um dos reflexos iniciais de Cavaleiro das Trevas. As outras várias semelhanças me deixaram descontentes, mas a partir do episódios #03, Demolidor seguiu um outro rumo, altamente coberto por seus enredos dos quadrinhos, e do #06 ao #10, ficou assegurado a mim ter superado a temporada anterior. Mas esse não é um post sobre o Demolidor, esse tópico é sobre a consistência que um enredo ganha quando ele sabe aonde quer chegar. De maneira sistemática, pega-se o que “deu certo e errado” e coloca-se como parte de um plano maior. Esse para mim é o preceito básico que uma sequencia de qualquer história deve ter. Tal a necessidade do Super-Homem agora enfrentar o julgamento da humanidade pelo que ele possa representar. Receber uma resposta de um “campeão do povo” encarnado pelo Batman. Despertar seu nêmeses em Luthor (afinal, toda grande luz projeta sombras), e ver que não é o único sem´-deus do mundo, com a existência da Diana. Isso para entrar nas questões mais básicas e explicitas.


3. Batalhas Memoráveis

Eu gosto bastante das batalhas de “O Homem de Aço”, e não está nelas as falhas que vejo no filme. As falhas, se posso relatar, estão na maneira um tanto descasa que Lois Lane é colocada no roteiro, ou mesmo em participações um tanto que desconfortáveis de Jor-El póstumo. Ao contrário das meninas do “Omelete X”, eu sempre ansiei por um filme do Super-Homem onde seu lado guerreiro e lutador fosse mostrado, e não apenas o lado galã acenando para o público, sem receber ameaças que o coloquem medo. Lembro da desolação e angústia do meio para o final quando assisti “O Homem de Aço” pela primeira vez. Via ali, um quase deus, acuado, perseguido, em dúvidas sobre qual lado seguir. O conflito ideológico que seu pai biológico e adotivo o tinham colocado na mente, era algo de afetar a qualquer um. Em termos comparativos de moldes de personalidade, Matt Murdock teve seu pai como principal formador de quem ele foi a vida toda. Ele reencontrou sua mãe freira já adulto, mas seu molde já estava feito. O mesmo Parker com o tio Ben, recebendo o reforço de sua Tia May. Só vindo a receber, digamos que uma figura de pai um pouco destoante nas mãos de Tony Stark, mesmo assim, só foi até certo ponto. Agora imagine Kal-El, confrontado por essas duas adagas de comportamento e grande poder em suas mãos, logo acuado por um inimigo reforçado que ele teme não poder vencer. Tendo que de súbito, sem nenhum treinamento formal, lidar com uma invasão planetária e claro genocídio. Foi ali que o heroí nasceu. E ele não morreu ao quebrar o pescoço de Zod, ele mostrou-se vulnável a errar, e aprender. Como escreveu sabiamente o Tia Nerd nesse texto. Por isso as batalhas voltaram, ainda mais grandiosas, não só no sentido de explodir por explodir, mas tendo um sentido maior.




2. Um estilo e “respiro” para o gênero, bem como certa reinvenção

Alguns críticos estão descendo o pau nesse filme. Outros, dizendo que é o maior filme desde TDK. E outros, indo além, ousando dizer que é algo tão brilhante que se sobresaí da polarização entre o modo Cavaleiro das Trevas e Vingadores 1. Caso isso seja concreto, não será apenas a justiça que vai alvorecer, mas uma fase mais adulta e inteligente de filmes baseados em quadrinhos. E não me refiro só em nos próximos anos adaptarem todos os encadernados da DC e da Marvel como uma transfusão de mídia. Me refiro aos quadrinhos, saírem dos resquícios de subgênero e virarem um material tão amplo e rico para se adaptar, como livros de escritores como Stephen King, Arthur C. Clark ou mesmo o recente John Green. Mas há também minha forte convicção disso não ocorrer, e o gênero saturar em até 5 anos, fazendo as adaptações de Games serem a principal mídia a ser adaptada. Cabe a Batman VS Superman e futuramente à Vingadores 3, o imenso peso da continuidade disso tudo.


1.      A Obra Suprema de Zack Snyder

Essa assusta mais gente do que anima. Afinal, para onde iriam todas as piadinhas e perseguições com Zack Snyder caso esse seja aclamado o melhor filme de sua carreira? Quem ocuparia o lugar do cara que vive “mexendo nos filtros de imagem e deixando tudo em câmera lenta”? Antes de chegar nisso, uma pequena revisão dos três melhores filme do Snyder em minha perspectiva:

-- Madrugada dos Mortos (2004): Antes daqui, apenas um “diretor de comerciais”, Snyder entregou um filme audacioso reformulando o clássico de George Romero, até então o criador do zumbi para o terror, como conhecemos hoje. Além de um filme competente, e com visual e edições criativas para o tipo de orçamento de filme B que tinha, Snyder pode não ter entregue um filme A, mas entregou os desgraus para o sucesso de filmes e séries com zumbis no século XXI. Antes havia sido lançado Extermínio (2002, Danny Boyle), outro grande contribuinte de gênero e caso de diretor crescente como Snyder. O resto da história é conhecido com o lançamento de “The Walking Dead” em 2010, e cá estamos nós. Ou seja, não é só um palhaço bajulado a toa por executivos com planos diabólicos como vendem por ai. O que se confirma pelo filme seguinte.


-- 300 (2007): Foi aqui que os executivos o aclamaram – aclamam mais os números de lucros, enfim --, e agora um “diretor de fundo de quintal” trazia novas maneiras e tecnicas para se gravar um épico. Discurssões sobre excesso de cgi a parte, essa é seguramente a adaptação de quadrinho que considero mais fiel até hoje. E não diria nem adaptação, eu empregaria duas palavras mais adequadas: transcrição e expansão. Snyder pega uma mini de 5 edições, e consegue dar mais profundidade do que ela tem originalmente, mantendo quase todo o material original. O roteiro e livro de esboços da produção era a própria obra, angulos, cores, planos de sequencia, tudo feito com precisão milimétrica. E quem tá escrevendo isso aqui, é um cara que não se impressiona nem um pouco ou gosta de Sin City, mas se curva a esse filme cada vez que o assiste.

-- Watchmen (2009): O projeto mais ambicioso de sua carreira, e o filme dessa lista, a qual assisti mais vezes do que posso contar. Snyder tentou o impossível, colocando tudo o que havia conquistado em jogo: adaptar a mais complexa obra de quadrinhos de todos os tempos. Era o tipo de investida, onde quase todas as variantes de resultados o levariam a derrota. Primeiramente, pelo tempo de projeção, que deveria ter de 4 horas em diante para tentar passar os milhões de detalhes das quase 700 páginas da obra. Segundo o quanto irretocável e justificadamente adorado era cada detalhe, fazendo de qualquer um que tenta-se mudar algum segmento do enredo, um inimigo público. Terceiro, pela obra já ser tão maestramente fechada, que a fazia teoricamente impenetravel e desnecessária a adaptação dela para outra mídia. O que Snyder fez foi estudar profundamente a obra, fazendo uma transcrição de detalhes chaves, enquanto mudava outros, mas não gratuitamente, mas para fazer sentido em um roteiro interpretativo maior. Boa parte das críticas, sobre “distorções de personagens” em pró de simplificações, ganham um rebate a altura na versão extendida, algo que seguramente, só os fãs do filme buscam, e não apenas quem assistiu uma vez e desceu a marreta. O quadrinho de Watchmen, ainda é insuperável. É o número #01 não só para mim, mas para muitos leitores, e assim deve continuar. O filme não lhe faz frente, essencialmente porque não é essa a sua intenção, o filme homenageia, referencia e discute a obra. É o seu direito dar nota 0 para o filme. Mas mesmo o maior opositor, deve reconhecer em seu ínfimo a coragem de se adaptar isso.

Imagina o desgraçado chegar superar tudo isso? Vai doer pra caralho em muita gente. Vai ser pior que a toxina do Espantalho sobre Gotham.


-->> E agora, o temor de possíveis erros que comprometam tudo:


4. Simplificações

Exatamente. O famoso “arroz com feijão”, roteiro traçado em principios básicos e fechadinhos que muita gente fica elogiando. Me desculpe o radicalismo, mas isso para mim não é em pró da “diversão e entretenimento legal”, está mais para preguiça criativa e prática que o cinema cada vez mais adere. Sei que se trata de um blockbuster, mas isso não deve ser justificativa para entregar um produto simplório apostando na ignorância do telespectador em pró de ser “cool”. Isso é coisa de adolescente retardado. Cinema é sinônimo antes de entretenimento, de obras que provoquem e levem a reflexão, não só filmezinhos narrando com explosões os protagonistas passando do ponto A ao B sempre na mesma fórmula. Temo que a má recepção que teve “O Homem de Aço” possa fazer Snyder mandar um foda-se e entregar um produto diluido, que se resuma a luta do Batman com o Super-Homem, ambos ficando amigos e formando a Liga da Justiça para um ataque de Darkseid. Tudo não pode ser entregue assim. Um exemplo prático do meu ponto sobre uma obra diluida para uma questionadora:

Os Supremos I: complexo e atingindo o referente final com ação.

Liga da Justiça Novos 52: Ação do começo ao fim, gratuitismo e fim esquecível.

Que o roteiro siga o primeiro exemplo. Caso contrário, serão três anos de espectativas pisoteados.



3.      Luthor, o elo mais fraco

Aguardei profundamente o Luthor mostrado em Lex Luthor: O Homem de Aço, perfeitamente encarnado pelo ator Joaquin Phoenix. E asseguro a versatilidade de Phoenix tão grande, que ele é o único ator que eu conheço que poderia fazer de maneira complexa tanto o Luthor nesse filme, como o Zod no anterior (e se o fizesse, eu seria o primeiro a fazer as piadinhas sobre o filme Gladiador). Jesse E. não é ainda um ator tão poderoso, porém também ótimo, o que fez meu temor diminuir. Apesar de fazer muitos papeis duvidosos, Jesse sempre busca papeis desafiantes, a exemplo do quase nunca comentado “A Lula e a Baleia”, meu filme preferido com ele, no qual eu o conheci como ator. A espectativa é que todo o Luthor mostrado nos trailers seja da personalidade exposta do vilão, que a usual esteja revelada apenas na projeção da sala de cinema. Ainda dada a grandeza de tantos personagens envolvidos e tudo se basear em um duelo entre heróis, um vilão para se sobressair em um plot desses tem que ser extremamente bem escrito e detalhado, caso contrário paira sobre a grande ameaça de ser um detalhe irrelevante sobre um todo. A mesma sina, paira sobre um vilão menos conhecido do grande público que aparecerá em Cap 3: Ossos Cruzados.


2.      A mão pesada do Batman

Essa é a mais obvia. Sou mais fã do Batman do que do Super-Homem, mas diferente de boa parte dos “fãs atuais”, não considero o Kal-El como um otário que pode ser surrado a qualquer hora por Bruce Wayne. E infelizmente, esse é um sentimento crescente no público, como se Kal-El fosse um vagabundo terrorista como o Coringa, embora Coringa ainda seja mais respeitado que Kal-El. “A mão pesada do Batman” não se refere apenas ao peso pesado exercido pelos golpes de Wayne, se refere –dã- ao morcego ofuscar o Super-Homem ao ponto do filme ser sobre ele, sendo os outros um detalhe. Nisso a maioria dos críticos da DC está certa, existe uma sobrecarga insuportável com o Batman na editora, e isso agora pode vir para os filmes. A Marvel também não é inocente, o Batman dela se chama “Tony Stark”, mas de fato temo por isso. Em uma sequencia do Super-Homem, que não se assume como sequencia do Super-Homem, é de se temer pelo pior ao último filho de Kripton.


1.      O Super-Homem não ser redimido perante o “grande público”


Isso deve estar na frente de qualquer maneirismo, se os envolvidos com esse projeto forem conscientes. Não adianta trazer Liga da Justiça, Multiverso e o cacete, se a tarefa de reestruturar o Super-Homem como um personagem que possa ser respeitado como “Os Vingadores” ou mesmo o Batman, seu parceiro, não for realizada. Seguramente será um ponto falho. Eu mesmo, e acredito que qualquer um que raciocine, não perdoaria o desfalque de assistir a um filme onde todos os personagens inseridos são interessantes e válidos, exceto o Super-Homem. Se o público não sair da sessão vendo o potencial do personagem, ovacionando só o Batman e seu futuro filme, eu mesmo me demito.

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