GUERRAS PUBLICAMENTE EXPOSTAS - PARTE FINAL


Se recobrando da imobilização causada pelo taser, Jane, a recuperada, se prepara para sair do Billy Burguers.
"É isso que acontece quando você perde tempo com memórias" ela pensa.
- Cuidado, garota - diz o velho barbudo que bebia, - Se continuar desse jeito - ele dá mais um gole - sem nem perceber vai ficar igual sua mãe louca.
- Você... - Jane se vira reconhecendo a voz - Você... é o Velho Jimmy Barbudo.
- Ainda lembra de mim, hum pequenina?
- Eu nunca mais tinha te visto.
- Difícil não te ver com toda a bagunça que tem causado. Em pouco mais de algumas horas e... hehe! Todo mundo sabe quem você é!
- Apenas uma consequência. Eu sou diferente dos outros.
- Com certeza é. Mas pense, menina. Sua mãe, que tanto te deixa triste, também não era diferente dos outros? Também não se considerava mais superior, sensata, racional e essas coisas?
- Será como tiver que ser - ela estava certa do que faria. - Lembre-se Jimmy Barbudo... é só uma história.
- Ora, mas eu estou falando isso justamente porque é só uma história. Você era curiosa e tinha um bom coração, menina.
- Você é legal, Velho Jimmy Barbudo, mas a situação é essa mesmo. Nietzsche já dizia que todo aprendiz acaba sendo um traidor em algum momento.
- ??? Você lê Níti, menina? Eita, eu fiquei nos gibis da Marvel mesmo - e vira a garrafa na boca caindo do banco com as pernas duras pra cima. Jane vai embora e volta à sua revolução...


Mesmo sendo um planeta distante e um evento improvável, dois velhos conhecidos se falavam, eles estavam muito acostumados com improvável. Jack está sentado em frente a um computador jogando RPG com headphones.
- Thomas... você está diferente.
- Ah, você me reconheceu!
- Você está parecido com o Homem-Aranha quando fica com o uniforme negro.
- É! Que nem nas Guerras Secretas!


- Não. Que nem no Homem-Aranha 3, que ele vira emo.


- Ai, Jack. Minha mãe também não gostou não.
- Sua mãe...?
- É. Am... Poxa... Não tem como você fazer uma conta pra eu jogar?
- Não.
- Mas por que, poxa?! Faz uma aí pra mim. Pô, você tem que fazer.
- Eu não vou parar de jogar agora e nem nunca, acabei de pegar a "espada do caralho".
- "Espada do caralho"?! - Exclamou Mary que também estava jogando de outro computador. Aquilo já tava parecendo um lan-house. - Ela existe mesmo? Eu até agora só achei a "espada do cacete".
- Tá todo mundo jogando, Jack - pedia Tommy - me ajudar a jogar aí, po.
- Você não tinha ido lutar as Guerras Publicamente Expostas?
- Poxa, Jack, eu me arrependi - ele começava a lacrimejar. - Eu quero voltar a ser nerd, por favor. Eu não consigo ser legal. Eu sou um bosta, pronto, eu sei. - Ele ficou chorando com seu lápis de olho manchando as bochechas. Se antes estava parecendo a Taylor Momsen, agora ele parecia com Alice Cooper. - Por favooooor, snif, snif... Eu vou contar pra deusa essas coisas que você faz.

Coincidentemente, enquanto Tommy declarava que era um bosta, o único ser vivo já registrado literalmente feito de bosta adentrava maliciosamente a pseudo lan house. Como um cocô de pomba ou de cachorro que não é detectado até já ser tarde demais, ninguém lá dentro podia imaginar a gravidade do que estava para acontecer quando percebessem ele...


Quando Mary se deu por conta, Jeována do seu lado já havia esbugalhado seus olhos e tombado, estando com a cabeça caída no teclado como se tivesse tomado um choque e desligado. O Cocô Hulk misteriosamente não estava lá.

- O quê? O que aconteceu com ela? Meu Deus, será que ela jogou demais?! Meu pai sempre dizia que isso ia acontecer comigo.
- Acho que foi - dizia Tommy com voz chorosa do outro lado da sala - aquele monstro de cocô que tava perto dela. Eu juro que eu tenho nada a ver! Eu não tenho nada a ver com ele, eu não sei porque ele faz o que ele faz.
- Menino - Mary se distraiu. - Você tá parecendo o Peter Parker naquele filme mó ruinzão!
- Ai... por que todo mundo fala isso?

Mary dava leves tapinhas na cabeça da deusa desacordada. Em pouco tempo ela já começou a se preocupar. - Gente! O que será que aconteceu com ela?! Não devia ter deixado ela jogar!

HA! HA! HA! HA! HA! HA!

Ouvia-se uma risada terrivelmente má de fortes chamas que surgiram de repente na sala. Quando elas sumiram foram substituídas pelo homem alado, vermelho e chifrudo.


- Está feita minha vingança! HA! HA! HA! HA! Depois de tantos anos consegui o que queria.
Tommy tremia e chorava em um canto.
- O que você fez? Você é responsável por isso?
- Siiiiiiiim!!! Eeeeeeeeeeu!!! Sou conhecido por vários e vários nomes. É nome pra caralho!!!! Huhuhuhuhu! Às vezes até eu esqueço! Alguns me conhecem como Riot! Eu fui o responsável pela criação do LoL! Quem mais vocês achavam que seria??? HA! HA! HA! Uma eternidade esperando para poder desfrutar de um momento de felicidade genuína!!! Ha! Ha! Ha! VALEU A PENA!!! - Ele colocava os braços para cima espalhafatosamente enquanto falava. - Tudo fazia parte do meu minucioso e longo plano para me livrar DELA! Tudo! Tudo foi planejado para chegarmos aqui! As grandes guerras, as doenças e desastres naturais! O terremoto de Lisboa, o holocausto da Alemanha, o incêndio em Roma, Hiroshima, Chernobyl e 11 de setembro! A eleição de Donald Trump! A inexplicável falta de um final para a trilogia do Hellboy! Foi tudo por minha causa!!! Agora nada... nada mais será igual. Ha! Ha! Ha! O que houve??? Vocês não veem a graça? Por que não riem comigo???










Todo aquele plano...






Todas aquelas proporções e potências...






As lendas e batalhas...






A infinitude de paradoxos e pontos de vista diferentes...






Eram longínquas e insignificantes...






No ponto onde estava concentrada a super-consciência celestial... 





Do mais novo deus...






















COCÔ HULK!

"Eu posso sentir... Posso sentir o infinito... Tempo e espaço... Certo e errado... Noções úteis apenas para interpretações da realidade de seres que não desfrutam do poder supremo do Cocô Hulk!"


Na superfície de um planeta azul e escuro, Mary e Tommy se sentem apavorados e desorientados.
- Ai meu Deus, o que estamos fazendo aqui?!
- Olhe! Ali no céu! É o Cocô Hulk!



"Poder não é o bastante... Para sarar feridas... E apagar pesadelos. Eu ainda me lembro... daqueles risos... deles caçoando de mim... Todos aqueles que se achavam tão superiores... São tão pequenos agora... Não há mais superiores! Há apenas eu, meu poder infinito! Meu poder infinito para reconstruir o Universo do jeito que eu quiser agora!"


- Não, Cocô Hulk! Não faça isso!!!
- Eu não tenho culpa! Eu juro que não tenho culpa dessas coisas!

"Vocês que compartilhavam daquela lan-house serão os primeiros a presenciar a Nova Ordem Universal! Os primeiros dias de um novo deus! Agora farei com que realmente tudo seja... cocô."


- E agora?!?!?! A gente vai virar cocô!!! Os boys vão virar cocô! Tudo vai virar cocô!
- Que que tá acontecendo, meu deus do céu?!

Tornando irrelevante sua forma física, o Cocô Hulk podia expandir sua consciência infinitamente... e junto dela... seu poder!



"Vejo na distância infinta...

Sistemas solares que giram em sincronia... 

Os sete reinos da kaballah...

A consciência coletiva paralela ao tempo...

Mas agora são todos apenas...

BOSTA!"


- Não, não! O Sistema Solar!
- Não! A coisa coleti... A... A...?


"Planetas circulados por misteriosos anéis artísticos... 

Memórias de um casamento ancestral...

De um amor insubstituível que muito significou....

Memórias que agora não serão nada mais do que...

MERDA!"


- Ele virou deus e não acelerou a produção do Kingdom Hearts 3?
- Estamos fodidos, estamos fodidos!


"Estrelas...

Constelações...

Pontilhismo que inspira a força criativa de seres caminhando por incertezas e conexões em diferentes tempos...

Por toda a galáxia...

Belos pontos de luz... Sinalizadores de esperança...

Agora apenas esferas flutuantes...

de COCÔ!"


- Oh! As estrelas! E agora?! E as estrelas?! Será que já é tarde demais???
- Quem poderia nos salvar??????


Tudo havia enfim chegado ao ponto onde parecia que não podia ficar pior. Nunca tudo havia estado uma merda em um sentido tão literal! Todo o Universo, tudo o que existia agora era massa de modelar de um furioso, zuero e fedorento Deus Cocô. Desfrutando dos prazeres de sua existência infinita, o Novo Deus sentiu uma influência estranha aos arredores de suas capacidades. Ele era novo nesse negócio de poder infinito, então suspeitou que podia ser apenas um efeito colateral de transformar elementos cósmicos importantes em fezes. Mas droga! Ele começou a ficar com raiva porque não conseguia exercer qualquer controle sobre aquela influência que demonstrava liberdade. Isso não fazia sentido (...), teria como o poder supremo contar com falhas, como bugs? Seria possível ter que reiniciá-lo para poder atualizar?


Enfim a energia não-convidada começava a tomar ordem...

A demonstrar forma e cores...

Essa era a imagem de uma grande... VELHA!






Mas era uma velha super estilosa, pessoal!


"O que que tá pegando?" ela estranhava alguma coisa "Acho que tem algo errado rolando aqui pelo Universo!"

- Nossa! É a Madame Teia!

"Vocês são muito nerds, puta que pariu. Eu não sou 'madame teia', meu nome é Rita Lee!"


- O que será que ela vai fazer?

- Ouça, Rita Lee. Eu me chamo Cocô Hulk e sou a Força Superior do Universo.
- Caraca, você não parece muito bem, amigo. E mais... eu tinha mó certeza que deus era mulher. Tinha até trocado uma ideia com ela.
- Bem... não é mais. Eu... eu... eu sou assexuado.
- Ui, essa é nova.

- Eita! Eita! Olha, ela tem cabelo vermelho! - Mary dizia desengonçada apontado para a gigantesca Rita Lee no cosmo.
- E daí?

"O cabelo é meu, eu deixo do jeito que eu quiser! Mas volte ao que você estava falando, senhor... novo deus... exótico."
- Após muitos anos de sofrimento  e rejeição eu tive a oportunidade de tomar para mim os poderes mais fortes do Universo. Agora estou os usando para realizar tudo que sempre quis.
- Nossa. - Ela torce os lábios. - Transformar tudo em cocôzin?
- Sim. E você? Como veio parar aqui?
- Ô meu amigo, eu queria saber. Hehe, brincadeira. Eu andei tomando uns negócio aí, fiquei doidona, mas não esperava que minha consciência ia vir parar aqui! No Espaço Sideral! Bem, a gente nunca sabe. É a primeira vez que meu amigo trouxe aquela merda. Putz... Tomara que não zoem meu corpinho. Mas me diz um negócio, talvez haja uma finalidade nesse nosso encontro, senhor poderoso. Você quer transformar tudo... em cocô, é isso mesmo? Mas por que isso, gente?
- Porque após ter sido tantas vezes mal-tratado e rejeitado, eu tenho direito à minha vingança!
- Olha, eu já vi bastante coisa, mas isso-- Bem, escuta aqui Deus Cocô! Confia na Rita Lee! Eu sou sua amiga! A gente acabou de se conhecer, mas eu já sou sua amiga, você é meu parsa, tá entendendo? Ouve o que eu vou te falar. Não precisa de nada disso não de ficar transformando o universo inteiro. Pode confiar em mim, isso é besteira, você só tem que ficar de boa. E daí que te tratavam mal? Só mandar todo mundo tomar no cú. Simples. Simples e eficiente. O Univerrrrrso, sabe as forrrrrças do Universo seguem uma orrrrdem... Não adianta tentar evitar.


Alguns lutam por ideologia. Uns lutam por dinheiro, alguns por liberdade, outros porque gostam de uma menina. Vai todo mundo se matando por algum motivo de qualquer jeito. Mas no final? No final, meu amigo? No final tudo vira bosta!


Ela disse essas últimas palavras com um sorriso... mas um sorriso que realmente contagiava com tranquilidade e certeza quanto ao que era falado.

- Pode confiar em mim, viu amiguinho? Não precisa ficar se matando todo aí não, pode ir viver sua vida em paz, porque no final tudo vira bosta!

Mary e Tommy começam a ficar meio transparentes, como se estivessem sumindo.
- Parece que estamos indo embora. Mas se o Cocô Hulk nos trouxe para cá porque a gente tava na mesma sala que a Jeována, então cadê o Jack?
- Será que não é aquele carinha ali no computador? Bem, quem mais poderia ser?


Na crosta do planeta eles podiam ver ao longe um computador sobre uma mesinha com um garoto sentado na frente. Completamente isolados de qualquer outra coisa! Mary e Tommy foram se aproximando rápido, a atmosfera daquele planeta os deixava velozes como o Flash! Chegando lá confirmaram que se tratava realmente de Jack sentado em frente a um computador usando headphones.

- Jack! Você montou esse computador aqui?
- É claro. Como vou jogar direito se ficam me mudando de dimensão o tempo inteiro? - ele respondia sem tirar os olhos do computador.
- O Universo todo tava virando merda! Mas parece que a Rita Lee convenceu o Cocô Hulk a mudar de ideia!
- Vamos embora, Jack. O outro computador que você tinha montado ainda deve estar lá se voltarmos pro planeta das guerras. Ninguém deve ter mexido, tirado do jogo.
Jack pareceu meio contrariado a princípio, mas saiu do computador.

"Falou pra vocês aí, pequenininhos! Acho que meu corpo físico já deve tá acordando..." dizia misteriosa e cativante a Rita Lee "A gente se vê na minha próxima trip. Ou não, sei lá..."


Com uma sensação meio estranha no nariz a deusa tira o rosto do teclado. Ela balbucia algumas palavras sem sentido e então puxa uns negócios que sente enrolados no seu cabelo. São uns palitinhos pretos, parecem uns fiozinhos. Ela olha bem pra eles na palma de sua mão. Ela reconhece esse tipo de coisa... Era como Yu-Gi-Oh, rock and roll e heavy metal, só podia ser obra de...? SATANÁS!
"Esses... Grrr... Foi ele".
Claramente irritada ela bate os fiozinhos do Capeta do lado da mesa. Mexendo um pouco no cabelo que estava bagunçado ela pega o mouse e começa a clicar rápido em uma tela estática.


Click-click-click-click-click-click-click-click-click-click-click-click...

- Que isso? O que aconteceu?

Ela continua clicando como quem não quer aceitar.


Click-click-click-click-click-click-click-click-click-click-click-click...

- Que que houve? Cadê meu jogo?
- Seu personagem deve ter morrido... - fala Mary bem baixo por trás do ombro dela. - Você vai ter que começar outro...
- O QUÊ?! Não!!!


Click-click-click-click-click-click-click-click-click-click-click-click...

- Como, porra?! Tudo por causa daquele chifrudo?! Não, não, não pode ser... isso não pode ser verdade...


Click-click-click-click-click-click-click-click-click-click-click-click...

- A terceira fase é negação...
- Cala a boca, Jack.


Jeována bateu o punho na mesa - NÃO! NÃO PODE SER! NÃO! NÃO! NÃO! NÃO! - Ela agarrou o CPU e começou a sacudi-lo na frequência que reclamava. - Que drogaaa... QUE DROGAAAA!!! - Ela pegou o teclado com as duas mãos e começou a apertá-lo com força.
- Calma! Calma! Dá pra fazer de novo!
- QUE-DRO-GA! EU JÁ TINHA ARRUMADO MEU PERSONAGEM INTEIRO! QUE DROGA!


Conforme já não dava mais pra entender o que era dito, a jogadora enfurecida batia o teclado contra o monitor e batia os pés no chão fazendo balançar a mesa e a cadeira.

- Ela tá tendo um ataque nerd!
- Não, cara! É um ataque dos deuses!

Os personagens estão muito confusos, cara! O narrador precisa explicar!!!


ERA UM ATAQUE NERD DOS DEUSES!

- Ai, eu não lembro! Eu não lembro o nome! Onipresença. Não. Onipotência! Você não pode usar sua onipotência pra recuperar seu save?
- FOI A PRIMEIRA COISA QUE EU TENTEI, MAS NÃO DEU! Eu já tinha feito TUDO! Eu não quero fazer de novo!!!
O teclado então quebra em dois. Ela arremessa os pedaços pro lado e segura o CPU, começando a sacudi-lo enquanto grita.
- Cocô Hulk! A culpa é sua!
- Ah, de quem for a culpa, vamos sair daqui! Desse jeito o dilúvio de Noé vai parecer um futebol no sabão. Olhem lá fora!


O cenário havia mudado. Tudo estava apocaliticamente escuro e os raios que caíam do céu não pareciam ser meros fenômenos naturais!

Jack, Tommy, Mary e Cocô Hulk saem do prédio sem ver ninguém no caminho.
- O que aconteceu? Como tudo ficou uma merda?
- Deve ter sido esse monstro idiota!
- Não fui eu! Eu não mexi com esse planeta! E fiz tudo voltar ao normal!
- Aiiiii... Será que a Jane fez alguma coisa?

Havia um fluxo de várias pessoas se movimentando. Como se voltassem para casa porque tinham ouvido algum alarme. Os quatro resolvem entrar no fluxo para ver se entendem o que está acontecendo.


Não demora e a chamativa deusa se aproxima deles.
- Para onde vocês estão indo?
- Você está mais calma? A sua fúria desencadeou tudo isso!
- Não fui eu não! Eu não estava usando meus poderes - ela responde com sinceridade. - Cansei desses jogos. Não vou jogar essas coisas nunca mais.

Naquele cenário escuro e caótico que misteriosamente havia se tornado o planeta, dava para ouvir a voz de alguém chamando, mas não dava para entender direito. Eles procuraram a origem do som e conseguiram ver um cara de camisa preta acenando. Devia ser ele. Enquanto seguem na direção do carinha a deusa pergunta para eles. - Vocês conhecem aquele DOTA? - mas ninguém responde.

Chegando perto do cara que acenava, eles encontram um bom punhado dos seus conhecidos que estão reunidos por lá também. O cara que havia os chamado tinha na camisa preta uma estampa do Coringa do Heath Ledger.

- Rápido, vocês precisam entrar naquele abrigo - ele diz apontando para o que parece ser uma passagem subterrânea em um cenário meio vazio onde só se vê terra e pedras no escuro.
- Mas o que está acontecendo? - dá pra ouvir fortes explosões distantes, mas não dá pra ver de onde, como se fosse o dia do Juízo Final. O céu, outrora colorido, estava avermelhado, passava uma péssima impressão.
- Não há tempo para explicar - disse o carinha se aproximando da porta do abrigo. Era grossa e de metal, parecia um cofre enorme. - Escutem: as explosões estão ficando mais próximas... Esse universo tem dificuldade de se sustentar por carecer de sentido. Ele surgiu de uma forma muito imprevisível e insegura. É estranho e inconveniente, mas é a forma que ele é, a forma que ele precisa ser. Não temos muito tempo... Ouçam, eu gosto muito de vocês, de todos vocês. Menos do Cocô Hulk.
- Eu já sabia. Eu já esperava.
- Mas as coisas terão que ser assim. Sejam vocês próprios. Não há outra forma de ser. Não que valha a pena... Não importa quanto tempo vocês fiquem trancados aí, o quanto talvez venha a parecer escuro, solitário, triste e desolador, vocês vão ter que esperar. Tenham apenas paciência, e na hora certa vocês poderão sair.

Todos entram no refúgio que parece um cofre e, sentindo que não têm nada a dizer observam conforme a grande porta é empurrada cobrindo a luz e trazendo a escuridão. O garoto some, os sons se abafam... Não há nada.


"Que esperança pode ter uma coisa tão estridente e brilhante? Nenhuma. Absolutamente nenhuma esperança." Alan Moore, em "A Voz do Fogo"






CONVIDADA ESPECIAL DAS GUERRAS PUBLICAMENTE EXPOSTAS

Nome: Rita Lee Jones
Idade: 69 anos
Altura e peso: durante seu tempo de atuação nas Guerras Publicamente Expostas, Rita Lee esteve em ambientes onde sua massa não era mensurável pelos padrões normais.
Conhecida como a Rainha do Rock Brasileiro, Madame Teia e cosplayer de Ozzy Osbourne, Rita Lee foi uma cantora nascida no estado de São Paulo, tendo vendido mais de 55 milhões de discos. Após sair das bandas "Mutantes" e "Tutti Frutti" ela embarcou em uma carreira solo por onde continuou por muitas décadas, experimentando um pouco de outros gêneros musicais e até acoplando sua própria família em sua banda de rock. Além disso, a mulher também experimentou um pouco as áreas de escrita e atuação. Por causa da idade, Rita se aposentou da vida de shows em 2012. O que pouquíssimas pessoas sabem sobre a trajetória de Rita Lee é o quanto ela já influenciou o equilíbrio cósmico nas viagens que fazia usando drogas alucinógenas nos Anos 60. Usando de sua esperteza e carisma, Rita já salvou o Universo várias vezes, mas o problema é que nem ela sabe disso, por não lembrar de nada quando acordava, razão pela qual essas histórias não foram contadas, nem mesmo no seu livro "Rita Lee - Uma Autobiografia", lançado recentemente. A própria autora não tem consciência do quanto as descobertas de suas viagens a inspiraram na composição de suas músicas, tendo muito do que aprendeu em suas aventuras ficado no fundo de sua cabeça. Independente disso, ela será sempre lembrada, além de tudo, pela presença decisiva que teve nas Guerras Publicamente Expostas.






Anos depois...


A porta estava abrindo novamente. Ela era puxada revelando luz cegante para dentro daquele lugar morto. Todos lá vão saindo devagar, como se tivessem acabado de levantar da cama, com calma observando tudo o que aconteceu com o mundo ao seu redor. O cara que abriu a porta do super-abrigo usa uma camisa da banda Pink Floyd e parece estar sozinho enquanto olha todos saírem. Não há nada no horizonte, nada além da terra, o próprio horizonte e o céu. Alguns vão mais a frente e acham uma camiseta preta com a estampa do Coringa na terra, mas ao redor dela só há cinzas e estilhaços.


- O que aconteceu? - perguntam ao cara que havia aberto a porta.
- Eu não sei. - Ele responde. - Eu não sei o que aconteceu. Encontrei isso aqui por acaso. Parecia estar tudo destruído, aí vi essa grande porta.

Eles não sabem e não falam. Apenas olham esperando pensamentos virem às suas cabeças.

Algo finalmente chama a atenção. No céu há um ponto brilhante. Bem longe, mas bem chamativo. Parece até a estrela que guiou os reis magos a encontrarem Jesus Cristo no dia de seu nascimento, mas a diferença é que não é uma estrela, é uma luz verde. Ela vem ficando mais forte, como se estivesse se aproximando. Finalmente chega ao solo próxima de todos, a forte luz verde. Quando os olhos se acostumam é possível ver que se trata de um gato verde e brilhante que havia chegado voando. Um gato radioativo.


Sério, o gato pergunta:
- O que está acontecendo?
- Tarde demais, Gato Radioativo. As Guerras Publicamente Expostas já acabaram.


Fim.

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